É isso. E não dá para fugir. Quanto mais negamos o passado, ele não apenas nos assola como um fantasma, como também nos faz cair e tropeçar nos ciclos construídos por sua presença etérea. Mas há um outro passado, esse tão caro a ser o que somos, humanos, que ao nega-lo perdemos nossas referências do que somos e de onde podemos ir.
É pela falta de consciência dos nossos valores ancestrais, que tão severamente sofreram tentativas de apagamentos, que hoje a violência impera. Somos, ainda, violentados, massacrados por não ter acesso a nossa memória, às histórias de luta e resistência, e essa tentativa de nos esvaziar da nossa memória coletiva nos coloca à deriva de entender quem somos, de nos ver pertencentes. Os lugares públicos renegam os trabalhadores, escravizados ou não, que os construíram; os saberes ancestrais são tidos por desvarios, sem que nos fosse dada a chance de escolher quais saberes cultivar. Nos negaram nossas crenças, nossa espiritualidade, e hoje, filhos de uma história não contada, estamos órfãos de sensibilidade, tamanho o massacre aos nossos antecessores.
Precisamos recuperar as memórias, seja através dos livros, das canções dos mais velhos e tardes de escuta. Seja através das fotos, das pesquisas e da arte, pois sem memória, nós que somos filhos do tempo continuaremos correndo em busca de preencher no hoje, esse esvaziamento de quem fomos e dos vazios de utopias.
isso mesmo somos filhos do tempo e aqui estamos de passagem, e que essa passagem seja registrada pelas nossas ações
Reflexão maravilhosa e cada vez mais atual. Infelizmente, a história parece sempre ser contada e registrada pelo opressor e ficamos à mercê de quem decide nosso futuro, nossa crença, nossos costumes e pensamentos, como se fôssemos incapazes e não-pensantes.
Que textos assim sejam mais lidos e inspirem as pessoas a reagir :)
Gratidão